O desencanto da população brasileira com as instituições e lideranças políticas ganha uma dimensão perigosa para a estabilidade democrática que tanto dizem defender. As decepções são gerais, atingem todos os poderes, infiltram-se no setor privado, na própria sociedade.

São fatos deploráveis e inquestionáveis. No lado do governo, a percepção de que aquela história do PT de paz e amor é coisa do passado e foi mero recurso eleitoreiro. Revanchismo, ideologia, afronta aos valores até aqui consagrados no povo brasileiro são minados por um discurso preconceituoso. A fraternidade, a solidariedade e a ausência de ressentimentos por motivos de gênero ou raça são combatidas. O brasileiro nunca foi homofóbico ou racista. Temos uma sociedade plural, um povo miscigenado, em que a luta de classes nunca prosperou. Mas, hoje, prevalece um esforço para dividir o povo entre o “nós e eles”, que, embora de maneira forçada e sem sucesso, encontra amplo eco nas mídias.

Como construir uma nação próspera, ordeira, fraterna com o que estamos assistindo? Estão aí a livre empresa acuada e ameaçada, a volta de invasões, a gula fiscal, os gastos descontrolados, o endividamento público ascendente. Ou seja, clima pouco propício ao desenvolvimento econômico e à paz social.

Na esfera política, o radicalismo de ambos os lados. Uma parcela de oposição marginal, nas mídias sociais, por exemplo, vai ao cúmulo de atacar de forma desrespeitosa e grosseira as Forças Armadas por cumprirem a Constituição, e querem impor uma versão distorcida do processo eleitoral. E o governo não fica atrás com a insistência em prorrogar a campanha em discussões estéreis e sem iniciativas realistas.

O Congresso e o Judiciário deveriam ter um mínimo de humildade e tratarem da imagem que anda péssima. Não é bom para o Brasil.

Neste momento seria oportuno ao menos que se evitasse maus exemplos de uso do dinheiro público – seja nas mordomias, nas nomeações, nos atos de gestão envolvendo recursos. A sociedade está atenta, vigilante e inconformada com o suceder de malfeitos impunes.




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