As produtoras culturais Cida Pimentel e Joka Alovisi lançaram, neste sábado (18), uma campanha na plataforma Apoie-se com o objetivo de buscar auxílio emergencial para trabalhadores da Cultura atingidos pelas enchentes que devastaram o Estado. A iniciativa visa ajudar os artistas gaúchos que sofreram perdas ou foram afetados pela crise generalizada provocada pelas fortes chuvas das últimas semanas, que deixaram a classe artística quase que totalmente inviabilizada de trabalhar.
Denominada APTA RS – Ajuda para Todos os Artistas do Rio Grande do Sul, a campanha deverá contar com doações em dinheiro (chave Pix: artistas-rs@apoia.se), a partir de R$ 50,00. Segundo Joka, proprietária da Girassol Produção e Gestão, os recursos serão repassados durante três meses para os artistas que se cadastrarem por um formulário, com link disponível na plataforma de financiamento coletivo. "Para se candidatar ao auxílio é necessário comprovar tanto a atuação na área (com fotos e outros documentos que evidenciem essa atuação) bem como a impossibilidade de desempenhar suas funções ligadas aos eventos culturais", explica a produtora. Segundo a produtora, os repasses também terão prestação de contas, realizada pelas idealizadoras, a partir do início dos auxílios, previsto para o final do mês de maio. "Após o primeiro (depósito na conta dos artistas), serão feitos outros dois repasses, mensais. No entanto, se a situação piorar ou continuar como está, pretendemos seguir com a campanha e ajuda por mais tempo", destaca Joka.
De acordo com as idealizadoras, a expectativa é de que a iniciativa "impacte consideravelmente" o setor, uma vez que estão previstos apoios para "todos os trabalhadores que de alguma forma contribuem com o fazer artístico do Estado", inclusive profissionais de áreas técnicas e prestadores de serviço.
A campanha conta com o apoio da Associação de Músicos do Rio Grande do Sul (ASSMurs) e do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio Grande do Sul (Sated/RS), além de nomes como Fernanda Abreu, Alceu Valença, entre outros do meio artístico nacional. Segundo Joka, esses apoiadores estarão ativamente nas redes sociais, incentivando que a população realize as doações pela plataforma. "Também estamos articulando parcerias, para a realização de eventos em prol de arrecadação de mais recursos para os artistas atingidos pelas enchentes."
Joka sinaliza que, além de terem suas "atividades subitamente interrompidas, já se sabe que inúmeras pessoas que trabalham direta e indiretamente no ramo da arte perderam e/ou tiveram que sair de suas casas". Ela lembra que a situação de perdas e danos se estende, ainda, para diversas casas de shows, teatros, museus, bares e casas noturnas (a exemplo dos que estão situados no 4º Distrito e no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre), que acabaram embaixo d'água.
"Ainda não é possível dimensionar as perdas materiais, inclusive de instrumentos, cenários, materiais e aparelhagem técnica, sofridas por aqueles que desempenham alguma função no setor. Mas é evidente que um recomeço se faz necessário", pontua. De acordo com dados apontados pelo material de divulgação da campanha, em todo o Rio Grande do Sul, 91.3% da classe artística teve suas atividades prejudicadas em função das enchentes. Deste contingente, 81.7% dos trabalhadores tinham na Cultura a sua única fonte de renda.
De acordo com as idealizadoras da campanha, esses percentuais foram obtidos por meio do relatório de prejuízos ao setor cultural, em uma iniciativa da Voz Cultural, Festipoa Literária, Instituto de Cultura da Pucrs e Matinal, com apoio do Comitê Liberart RS – Programa Nacional dos Comitês de Cultura -, Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado e Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre. Ao todo, mais de 1.300 de mais de 60 cidades gaúchas responderam a um questionário do levantamento.
"Estamos esperançosas de que iremos mobilizar o meio artístico para se cadastrar na plataforma, bem como reunir o maior número de pessoas para ajudar nesse financiamento", destaca Joka. Segundo ela, ainda nesta semana, outras empresas e entidades do setor - como sindicatos - e secretarias de cultura dos municípios gaúchos serão contatados para que a informação possa chegar a todos que precisarem da ajuda. "Estamos acompanhando outras campanhas destinadas ao Estado como um todo, mas a classe artística precisa deste olhar especial, porque sabemos da necessidade - do quanto já lutam para se manter - e de como foram atingidos com essa tragédia. Ela ressalta que, independente de quanto for arrecadado, todos os cadastrados receberão a mesma quantia em auxílio emergencial. "Esse valor, só saberemos quando tivermos os recursos doados."
Fonte/imagem: Jornal do Comércio